"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa

Ao longo dos anos a Vale nunca se importou muito com o destino de Parauapebas. Na verdade o núcleo habitacional da Cidade Nova, que juntamente com o Rio Verde seria o embrião da cidade só aconteceu por exigência do Banco Mundial, financiador do projeto, que exigia que no entorno da mina houvesse um núcleo habitacional com o mínimo de qualidade de vida, Em função disso surgiu a Cidade Nova, com seu sistema de água e esgoto deficiente e suas ruas estreitas que acabaram comprometendo definitivamente o projeto urbanístico da cidade.

O que foi feito aqui, seria, por assim dizer, meio que a facão, pelo menos quando se compara com Canaã dos Carajás, que recebeu dez vezes mais investimentos de implantação.

Partindo desse pressuposto, cabe a Parauapebas a atribuição de tomar seu destino nas mãos e parar com a lenga-lenga de que a Vale não ajuda. Na verdade, quem tem que se ajudar é a própria Parauapebas.

Vamos falar sério. A comparação acima é apenas para registro, já que não sou e nem nunca fui partidário dessa coisa pavorosa de ficar cobrando benefícios sociais de empresas privadas, ou jogando sobre elas a responsabilidade pelos nossos infortúnios. Acredito que a função de qualquer empresa é cumprir a lei, gerar receita, ganhar dinheiro e pagar impostos. Abrir ruas, colocar asfalto, construir escolas são atribuições do Poder Público e não podem ser transferidas para a iniciativa privada. Compartilho da opinião de que se o imposto é pouco, que se cobre mais, mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Por conta disso é que apóio a sugestão do vereador Faisal Salmen de se criar um movimento para exigir que a Vale investimento em Parauapebas no mesmo nível de Marabá, já que o ferro que vai alimentar os grandes fornos da siderúrgica da cidade vizinha sai de Carajás.

Apesar do propalado privilégio de ter a maior mina a céu aberto do mundo, Parauapebas até agora só serviu para vitaminar o desenvolvimento dos outros, em troca de alguns trocados, que aos olhos de hoje parecem muito - e por parecer muito são gastos de forma perdulária e irresponsável. Infelizmente, o tempo vai mostrar que a grana gasta hoje a toa vai fazer falta no futuro, porque caminhamos para herdar uma grande cratera exaurida em Carajás, enquanto a Vale vai cantar em outra freguesia.

Só não compartilho com a idéia de que a Vale tem que nos dar uma universidade, construir casas populares, isso que tem que fazer é o Poder Público. Agora investir em siderúrgica, ou em outra iniciativa que gere empregos aí é mão na roda e tem o meu humilde apoio.

(artigo publicado no jornal HOJE nº 403 - Coluna do Marcel)

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