"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


domingo, 11 de abril de 2010

Momento cultura - Manuel Bandiera


Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no dia 19 de abril de 1886, em Recife, filho de Manuel Carneiro de Souza Bandeira e Francelina Ribeiro de Souza Bandeira. Em 1903 a família se mudou para São Paulo onde Bandeira se matriculou na Escola Politécnica. Começa ainda a trabalhar nos escritórios da Estrada de Ferro Sorocabana, da qual seu pai era funcionário.No ano seguinte abandonou a faculdade por ter contraído tuberculose. Passou doente toda vida, apesar das várias estadas em clínicas brasileiras e até na Suíça.Escreveu seus primeiros versos livres em 1912. Em 1917 publicou seu primeiro livro, “A cinza das horas", numa edição de 200 exemplares custeada pelo autor, e foi com o seu segundo livro, “Carnaval” que despertou o entusiasmo entre os modernistas paulistas. Em 1940 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras e em 1943 foi nomeado professor de literatua hispano-americana da Faculdade Nacional de Filosofia. A pedido de amigos, apenas para compor a chapa, candidatou-se a deputado pelo Partido Socialista Brasileiro, em 1950, sabendo que não teria quaisquer chances de eleger-se. Comemorou 80 anos, em 1966, recebendo muitas homenagens. A Editora José Olympio realizou em sua sede uma festa de que participaram mais de mil pessoas e na qual foi lançado Estrela da Vida Inteira, sua antologia de poemas.Manuel Bandeira faleceu no dia 13 de outubro de 1968.

Curtam um aperitivo, o poema Nú





Manuel Bandeira

Quando estás vestida,
Ninguém imagina
Os mundos que escondes
Sob as tuas roupas.

(Assim, quando é dia,
Não temos noção
Dos astros que luzem
no profundo céu.


Mas a noite é nua,
E, nua na noite,
Palpitam teus mundos
E os mundos da noite.

Brilham teus joelhos,
Brilha o teu umbigo,
Brilha toda a tua
Lira abdominal.

Teus exíguos -
Como na rijeza
Do tronco robusto
Dois frutos pequenos

- Brilham.) Ah, teus seios!
Teus duros mamilos!
Teu dorso! Teus flancos!
Ah, tuas espáduas!

Se nua, teus olhos
Ficam nus também:
Teu olhar, mais longe,
Mais lento, mais líquido.

Então, dentro deles,
Bóio, nado, salto
Baixo num mergulho
Perpendicular.

Baixo até o mais fundo
De teu ser, lá onde
Me sorri tu'alma
Nua, nua, nua...

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