"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


quarta-feira, 21 de abril de 2010

Obra de Belo Monte poderá incluir derrotados e desistentes


RIO XINGU, PERTO DE ALTAMIRA, QUE RECEBERÁ OS IMPACTOS DA OBRA
Realizado ontem, 20, o leilão da usina de Belo Monte, localizada a cerca de 60 quilômetros de Altamira, envolveu uma intensa guerra jurídica, que terminou com um recurso junto a Justiça federal do Pará , que cassou uma liminar auizada pelo Ministério Público Federal de Altamira.

O consórcio liderado pela estatal Chesf, Queiroz Galvão e pelo grupo Bertin ganhou o leilão de Belo Monte, entretanto, o governo Lula já avalia que haverá negociações para a formação definitiva do grupo que tocará o projeto, que pode envolver até empresas que saíram derrotadas. Em outras palavras, o consórcio final será diferente daquele que ganhou oficialmente a disputa ontem. "A obra é muito grande, tem espaço para todo mundo", disse um dos assessores de Lula, que aposta na possibilidade de as empreiteiras Camargo Corrêa e Odebrecht negociarem com o consórcio vencedor para tocarem as obras de engenharia civil da usina. O governo estuda a inclusão da Andrade Gutierrez -que era considerada pelo mercado o favorito na disputa.

Dentro do próprio governo, a avaliação é que o resultado surpreendeu porque o grupo encabeçado pela Andrade estava mais bem estruturado para o leilão, contando com autoprodutores de energia importantes, como Vale e Votorantim.

A equipe de Lula trabalha ainda com a informação de que Cemig, Suez e os fundos de pensão Funcef e Petros também irão negociar com os vencedores, classificados no mercado como "azarões" por terem se formado de última hora.
Também demonstraram interesse em se associar ao grupo vencedor algumas empresas autoprodutoras de energia, como CSN, Braskem e Gerdau (que usarão a produção da usina para consumo próprio).

O governo quer evitar classificar publicamente o consórcio vencedor como um "azarão" ou surpresa para não colocar em dúvida a construção da usina. Além disso, trabalha com a expectativa de negociações entre as empresas para dar mais "musculatura" ao grupo vencedor, segundo definição de um assessor de Lula. "O empreendimento é muito grande. Todo mundo espera que o consórcio vencedor, no mínimo, subcontrate outras empreiteiras", afirmou à fonte do governo.

Preocupado com a construção da usina, o governo já havia decidido que a Eletronorte iria integrar o consórcio vencedor e seria a operadora da usina. A empresa é considerada a estatal que detém mais conhecimento da obra, por ter sido a responsável pelos estudos de viabilidade da usina.

Os dois consórcios, por sinal, disputavam a estatal. Inicialmente, o governo chegou a decidir incluir a Eletronorte no consórcio liderado por Queiroz Galvão e Bertin exatamente para fortalecê-lo. Recuou depois de pressões da Andrade Gutierrez. Apenas a entrada da Eletronorte já provocará mudanças na composição do consórcio.

Na inscrição, a estatal Chesf ficaria com 49,9% do grupo. Agora, a Eletronorte ficará com 30% a 35% do consórcio, e a Chesf, com o percentual restante, para completar os 49,9% que ficarão com as subsidiárias da Eletrobras.

Além disso, as empresas de engenharia tinham um total de 40% na composição do grupo. Pelas regras do edital, na assinatura do contrato, esse percentual terá de ser de até 20%.


(Fonte : Folha online)

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