"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Se indignar ...

O senador Artur Vigílio, do PSDB do Amazônas era propenso a arroubos de indignação. Vocifereva contra tudo e contra todos, até contra o presidente Lula, que naquela época capengava para se manter em pé, açoitado pelas notícias de que o PT estava atolado até a medula no escândalo do “mensalão”. Em um determinado momento, Virgílio disse que se encontrasse o presidente por aí não responderia por ele.
A manifestação destemperada do senador – conhecido na política como pavio curto – talvez tenha sido movida por oportunismo político, ou até mesmo pelo preconceito, o motivo nesse momento é o que menos importa. A única particularidade que está em pauta nesse artigo é a sua indignação.
A capacidade de se indignar diante das injustiças talvez tenha seja o maior diferencial do homem para o animal. Enquanto o ser humano conseguir se contrapor às situações consideradas ultrajantes, haverá esperanças de um mundo melhor.
Enquanto populações inteiras sentirem o gosto da humilhacão, Parauapebas, por mais que cresça, ainda será um município de beira de estrada.
Se indignar contra a má versação dos recursos públicos é um dever cívico; se indignar quando se vê sumir pelo ralo milhões e milhões de reais, sem uma explicação plausível é mais do que uma opção, é obrigação; se indignar quando se vê servidores públicos enriquecem da noite para o dia, como se um cargo de secretário fosse um bilhete premiado é uma sagrada alternativa; se indignar quando bairros inteiros, como o Liberdade II são submetidos ao ultraje de passar sete, oito dias sem água, condenando famílias inteiras a ficar sem lavar , passar, cozinhar e se humilhar atrás do beneplácito de um dono de cistena que lhe socorra com um balde de água, é antes de tudo, ser justo; se indignar vendo a SAAEP cobrar tarifas absurdas e sendo por isso alvo de CPI na Câmara de Vereadores e mesmo assim negligenciar o tratamento do esgoto nas ETES da cidade é o obvio do obvio; por fim, se indignar com as jogadas ensaiadas, com as mágicas, na qual desaparece o dinheiro público, é um atestado de humanidade.

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