"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sábado, 28 de maio de 2011

Interferência de Lula expõe fragilidade política de Dilma

Estudiosos veem riscos na ação de ex-presidente para aplacar crise política gerada pelas denúncias contra o ministro Palocci

Gabriel Manzano, O Estado de S. Paulo

A intervenção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para superar a crise do governo Dilma durante a semana dividiu os cientistas políticos. Há quem entenda que a presidente perdeu autoridade e saiu diminuída do episódio e os que acreditam que o eleitorado, em sua maior parte, talvez considere o fato normal e acabe legitimando esse socorro eventual ao governo.

"O benefício é de curtíssimo prazo. No longo, ela simplesmente perdeu a autoridade e o custo é gigantesco", resume Amaury de Souza, do Instituto de Estudos do Trabalho e da Sociedade, Iets, no Rio.

"O fato é que Lula não tem nenhum mandato, é um elemento perturbador, que entrou falando em nome próprio."

Com ele concorda José Álvaro Moisés, da USP. A ação de Lula "foi algo inteiramente fora do ponto", define Moisés. "Ao ocupar o centro da cena, do modo como fez, ele projetou a debilidade da liderança da presidente."

Para o cientista político Humberto Dantas, porém, "tudo depende de como o público vai olhar para isso". O eleitorado de Dilma "votou no prolongamento do governo Lula", pondera. "Para esses cidadãos, o que ocorreu é o esperado".

O resultado vai depender, acrescenta, "de como a oposição vai tratar o tema. Ela pode se calar se perceber que a sociedade legitima o episódio".

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