"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha
de ser honesto".

(Rui Barbosa)


sexta-feira, 17 de junho de 2011

Massud volta a criticar o govenro municipal

O vereador Antônio Massud (PTB) é dos quatro
vereadores que compõe a oposição ao prefeito Darci
Lermen. Nessa entrevista concedida ao HOJE, ele
adianta ações que serão tomadas pela oposição e fala
de CPIs e até de planos para as eleições de 2012

HOJE – Gostaríamos de começar fazendo uma pergunta que muita gente gostaria de fazer. É notório que você apoiou a administração Darci Lermen. Por que você esteve no governo e por que saiu?


MASSUD – O PTB permaneceu no governo e participou da campanha de 2008 porque nos foi apresentado um projeto diferente, projeto esse que traria benefícios para a comunidade, como saneamento básico, orla, asfalto, melhorias na educação e etc. Em 2009 passamos perceber que o governo agia muito distante do que fora prometido na campanha, ou seja, o prefeito falava muito e fazia muito pouco, ou quase nada. Parauapebas tinha e tem uma arrecadação que dava para fazer esses serviços com sobras, mas a gente percebia que nada iria acontecer. Diante dessa inatividade, não tínhamos como ficar no governo. Entregamos a secretaria de Urbanismo que naquele momento estava engessada e sem condições de fazermos um bom trabalho e tomamos outro caminho.

HOJE – Qual seria hoje o papel, ou o caminho da oposição?


MASSUD - A oposição, assim com a maioria da população, quer o bem do município, mas, percebemos que algumas empresas estão lesando o município, ganhando verdadeiras fortunas e prestando um serviço de má qualidade. Nós estamos alertando isso há muito tempo e pedindo informações sobre licitações e contratos que têm muitos indícios de estarem viciados. Há muita coisa para ser investigada, empresas como a Etec, Oliveira e Mendes, Construtora Carvalho e outras tem apresentado inúmeras irregularidades. Na Chácara do Cacau, por exemplo, o asfalto foi feito em novembro e hoje já está já deteriorado, o mesmo aconteceu na rua Daniela Perez, no Nova Vida, cujo asfalto foi feito o ano passado e hoje não existe mais. A empresa embolsou o dinheiro e foi embora. Tem que fiscalizar e isso é obrigação da prefeitura, porque ela é a dona do serviço. Ficando omissa como acontece atualmente é a certeza de que o dinheiro público foi parar nos bolsos de alguns secretários.

HOJE – A questão ponte na saída da cidade, que desabou e ao que parece a prefeitura pagou duas vezes pelo mesmo serviço, o que a Câmara tem feito?

MASSUD – A primeira empresa que fez o serviço foi a Multisul. Na inauguração veio a Ana Julia e foi aquela festa. Como é prática da prefeitura, a empresa contratada fez um serviço de péssima qualidade e a ponte desabou. Vamos ter que fazer uma nova CPI para investigar se realmente houve pagamento duas vezes pelo mesmo serviço. Se for verdade, o prefeito vai responder pelo crime de improbidade administrativa a má aplicação do dinheiro público.

HOJE – E o hospital?

MASSUD – A primeira licitação foi de R$ 8 milhões e na segunda a mesma obra deu um salto para de R$ 25 milhões. Mais uma vez a Multisul está envolvida porque ela foi a primeira empresa que trabalhou e foi embora com o dinheiro. Agora contrataram uma empresa de decoração e o serviço está em R$ 25 milhões. Nós estivermos com o promotor e ele disse que está investigando. Isso é mais uma espinha no calcanhar do prefeito porque isso é uma licitação viciada.

HOJE – Atualmente há duas CPIs na Câmara a do Pazinato, que e o escritório dos advogados e o sumiço dos R$ 700 milhões, denúncia do ex-presidente da Vale, Roger Agnelli. Como têm caminhado essas CPIs?

MASSUD – A CPI do Pazinato participam a vereadora Francis e o vereador Adelson, mas a gente está sempre em contato e sabe que está caminhando. Quando a CPI dos R$ 700 milhões a pergunta que se faz é a seguinte: a prefeitura é a autora do processo que cobra da Vale Royalties retroativos? Se for, a comissão de 20% é legal, porém, se a prefeitura não tiver interposto essa ação, nós vamos encaminhar as denúncias para o Ministério Público, para o Tribunal de Justiça do Estado e para outros órgãos. Nós não temos o poder de cassar o prefeito, porque somos apenas quatro vereadores de oposição na Câmara, mas podemos encaminhar as denúncias e entrar com uma ação civil pública, com aconteceu em Tucurui, em que cinco vereadores entraram com ação e o prefeito deve ser afastado. Eu tenho certeza absoluta que a prefeitura não é autora desse processo, porque essa é uma ação movida pelo Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em 2001. Já a CPI dos R$ 700 milhões vai dar uma clareza onde foram aplicados esses valores, porque nós vamos buscar as medições das empresas, licitações etc. Nós não temos obras na cidade que justifiquem a aplicação desse e de outros recursos, a não ser a construção da prefeitura, que foi R$ 12 milhões, o estacionamento central, que deve ter sido R$ 1,5 milhão e o hospital que está inacabado desde 2007. O que fica claro é que há um grande grupo que atua por trás e lesa os cofres públicos.

HOJE – Todos os segmentos da sociedade discutem a relação do município com a mineradora Vale. Qual é o seu posicionamento com relação a mineradora?

MASSUD – Veja bem, eu moro em Parauapebas desde 1983, ou seja, desde o início e ao longo do tempo a gente vê que a Vale é uma grande investidora do desenvolvimento regional. A Vale paga os impostos, mas ela precisa investir na questão social, porque depois da exploração ficarão as sequelas. O próximo gestor terá que fazer uma interação melhor com a Vale, para que a companhia possa participar da vida social do município, porque mineração tem prazo de validade, o momento de nascer o momento de morrer, precisamos de novas alternativas econômicas.

HOJE – Com relação ao Ramal Ferroviário, que é o seu posicionamento?

MASSUD – Na primeira audiência pública foi algo muito suspeito, por isso entramos com requerimento para uma nova audiência. O Ramal é a oportunidade de o município negociar com a Vale novos investimentos, principalmente uma universidade de ponta para abrigar os jovens, que precisam sair de Parauapebas, onerando a renda familiar. Se não saem não têm condições de adquirirem conhecimento e crescerem como profissionais. A universidade seria apenas uma pequena compensação pela quantidade de anos que a Vale explora nosso minério e lucra bilhões.

HOJE - 2012. Os partidos se movimentam para apresentar á população uma nova proposta política. Como está o PTB nessa caminhada?

MASSUD - O PTB é um partido que está forte porque conta com várias lideranças fortes. Da mesma forma que o partido poderá ter candidato próprio para prefeito nas eleições do ano que vem, está aberto para conversar com outras agremiações partidárias, visando a composição de uma grande arco de aliança, com as forças progressivas desse município para apresentar uma proposta diferente dessa que está no poder atualmente. O nosso projeto não é apenas para ganhar as eleições, mas, para eleger o próximo prefeito e fazer uma grande administração, porque os fundamentos para isso o município tem.

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